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Na Comunidade Chã de Jardim, exemplos de empreendedorismo não faltam (Foto: Jorge Machado/G1) |
Comunidade
Chã de Jardim se destaca no Brejo pela criatividade.
Espírito de empreendedorismo é 'feito' até da palha seca da bananeira.
Criado em 2006, o projeto 'Doce
Jardim' é uma prova de que a cidade de Areia, no Brejo paraibano, é única não
apenas pela cultura, representada por personagens ilustres como o pintor Pedro
Américo e o escritor José Américo de Almeida, nem pelo clima suave em tempos de
sol escaldante. Na tranquila comunidade Chã de Jardim, na divisa de Areia com a
cidade de Remígio, vivem 200 famílias, que aprenderam a olhar em volta e ver na
natureza uma oportunidade para a independência financeira.
Os projetos de empreendedorismo
da cidade têm como foco o turismo. "O projeto 'Arte na Palha', por
exemplo, já existia. As artesãs sempre fizeram artesanato. Mas com o apoio do
Sebrae e com a produção associada ao turismo foi um sucesso", conta Mirian
Rocha, consultora da Associação de Culturas Gerais (ACG), contratada pelo
Sebrae.
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Com a palha da bananeira, artesãs fabricam
bolsas e conquistam a independência financeira
(Foto: Jorge Machado/G1) |
“Antes, a maior parte das mulheres tinha como
principal fonte de renda o 'Bolsa Família'. Elas vão pegar o dinheiro,
porque não vão deixar lá. Mas aprenderam a depender de si mesmas ao apostarem
na criatividade”, disse a coordenadora do projeto, Luciana Balbino.
Na Chã de Jardim, há três
empreendimentos montados com a ajuda da criatividade, fruto de um povo simples,
mas com espírito empreendedor. Na fábrica de polpa de frutas, trabalham cinco
jovens. Por dia, são feitas 230 kg de polpa, tudo certificado pelo Ministério
da Agricultura, ainda de acordo com Luciana Balbino. “A nossa polpa é orgânica,
sem conservantes, sem água, sem nenhum produto químico”, acrescenta a
coordenadora.
O extrato é produzido com frutas
fornecidas por agricultores da região, ligados à agricultura familiar. Na venda
das frutas para a fábrica, eles conseguem uma nova fonte de renda. “Os cinco
jovens que trabalham na fábrica de forma direta produzem polpa de caju, cajá,
abacaxi, manga, acerola, umbu-cajá e goiaba. O preço do quilo é de R$ 5, sendo
10 pacotes de 100 gramas que chegam a produzir dependendo do sabor até cinco
litros de suco”, explica Luciana Balbino.
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Fábrica de polpa de fruta só voltou a funcionar
graças a ousadia e empreendedorismo
(Foto: Divulgação) |
Construída em 1996, a fábrica de
polpa de fruta passou dez anos fechada. Só voltou a funcionar graças a um grupo
de jovens através da Associação para o desenvolvimento sustentável da
comunidade da Chã de Jardim (Adesco).
Arte na Palha
Mas a criatividade do povo da Comunidade Chã de Jardim foi além. Com a palha da
bananeira, 12 mulheres conseguem fabricar bolsas para congresso que são
vendidas até para outros estados como Porto Alegre com o projeto 'Arte na Mão'.
Ao custo de R$ 10, as bolsas são vendidas por até R$ 50, ainda segundo Luciana
Balbino.
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Produtos feitos com a palha da banana
(Foto: Jorge Machado/G1) |
A artesã Maria do Socorro Santos
está no projeto desde 2007. “Eu vivo da agricultura e, às vezes, há meses em
que eu tiro até um salário [mínimo]”, conta. Maria do Socorro diz ter ficado
surpresa ao aprender que a palha seca da bananeira, “que não dava tanta atenção
assim”, se transforma em pastas para congresso, bolsas, esteiras. “Nós fazemos
muitos produtos com a ajuda da palha seca da banana”, explica ainda com ar de
surpresa.
Piquenique na Mata
Aproveitar a sombra das árvores é mais um exemplo da força empreendedora que
têm os moradores. Com a consultoria do Sebrae, o 'Piquenique na Mata' virou
mais uma forma de gerar divisas para os moradores da Comunidade Chã de Jardim.
Rejane Ribeiro, de 18 anos, está
no projeto desde os 14. Com o sonho de ser cantora desde os 9 anos, o
'Piquenique na Mata' foi a grande oportunidade que encontrou para mostrar o
talento aos turistas que visitam a comunidade todos os dias da semana, que fica
aberta das 8h as 17h. “Eu fico feliz ao ver as pessoas me elogiarem. Comecei
cantando na igreja que frequento, mas cantar no projeto tem algo de especial”,
revela.
Com o apoio do Sebrae, Rejane é
contratada para se apresentar nos restaurantes e hotéis de Areia. O incentivo
para que ela lançasse o CD na Feira do Empreendedor - realizada pelo órgão
anualmente - foi outro grande incentivo.
Mas, como a consultora da agência
contratada pelo Sebrae ressalta, o sucesso para que aconteça é preciso que haja
oportunidade - no caso, a potencialidade nata do lugar - mais também outros
fatores igualmente importantes, como ter uma boa metodologia para colocar em
prática as ideias. "Temos quatro etapas, iniciando pela pesquisa de
gabinete e levantamento do potencial local, organização das atividades,
verificação das atividades e acompanhamento e colocação no mercado",
explica.
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Patrimônio Cultural da Paraíba, a cidade de Areia concilia empreendedorismo e turismo
(Foto: Jorge Machado/G1) |
Ao chegar à cidade de Areia,
Mírian Rocha explica que o turista vivencia todas as atividades, em uma
integração total com a comunidade.
Em frente à fábrica de polpa de
frutas, ao lado da loja onde são vendidos os produtos feitos com a palha seca
da bananeiras, debaixo de árvores gigantescas, turistas têm a oportunidade de
provar deliciosas frutas e ouvir o melhor da música popular brasileira na voz
de Rejane. “Quando saem, nós incentivamos o plantio de uma muda de árvore para
que o espírito de conservação fique ainda mais presentes nas pessoas”, explica
Luciana Balbino.
Planos
Se não falta criatividade, a Comunidade Doce Jardim tem planos de se expandir.
"Estamos construindo a cozinha rural Doce Jardim, além de um restaurante
de comida regional. Vamos ter também frutas desidratadas e todos os nossos
produtos vão ter a nossa marca", finaliza Luciana Balbino.
Luciano
Soares