sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dia de Campo discute convivência com a estiagem no Curimataú paraibano

Dezenas de agricultores participaram, esta semana, do Dia de Campo sobre agroecologia e convivência com a estiagem, no assentamento Plácido Clementino, no Município de Algodão de Jandaíra. O evento aconteceu no Sítio Baixa Verde, na região do Curimataú. 

Os participantes conheceram a experiência do agricultor familiar José Renato da Silva. A propriedade dele chama atenção pela organização, diversificação de produção, preservação dos recursos naturais e consciência agroecológica. Assessorado pela Emater Paraíba, ele é considerado um produtor especial porque segue as práticas transmitidas pela extensão rural e obtém excelente resultado.
 
José Renato passou 10 anos em São Paulo, trabalhando como cobrador de ônibus e depois como vigia de condomínio residencial, durante sete anos. Depois de refletir sobre a situação em que vivia, decidiu retornar à Paraíba. Ficou algum tempo na cidade de João Pessoa, animando festas de batizados, aniversários e serestas como tecladista.

“Em São Paulo, vivia amedrontado com a insegurança. O sonho de aventura naquela cidade estava desfeito, e como tinha vontade de voltar para trabalhar na agricultura, onde me criei, retornei para minha cidade, consegui uma gleba no assentamento onde trabalhamos até hoje, fazendo aquilo que sempre gostei de fazer”, afirmou. Ele começou a organizar a propriedade há quatro anos, com a participação da Emater.

Propriedade diversificada – O Sítio Baixa Verde tem uma área de 21 hectares, localizada a cinco km da cidade de Algodão de Jandaíra, é considerado uma propriedade diversificada, onde existe a preservação da vegetação nativa da região. “É um agricultor familiar com consciência agroecológica”, reconhece o chefe da Unidade Operadora da Emater no município, Flaviano Guedes de Araújo.

Ele cultiva hortaliças, principalmente coentro e alface, planta feijão, milho, jerimum, coco, mamão, batata-doce para comercializar na feira livre. Também mantém uma criação de galinha de capoeira, guiné, pato, marreco e peru, e um pequeno plantel de caprinos de leite. Para alimentar os animais, planta capim, cana-de-açúcar e palma forrageira. Desenvolve apicultura, das espécies Jandaíra e Africanizada. 

Próximo à casa onde reside com a família, Renato construiu uma barragem que, neste ano, não armazenou água. “Para reter a água da chuva, fizemos uma barragem subterrânea que serve para a irrigação do plantio de capim e das hortaliças”, explicou. Para o consumo doméstico, tem uma cisterna de placa que armazena 15 mil litros de água.
Também usa o sistema de colocação de pedras nos riachos para fazer com que a água da chuva fique retida no subsolo, podendo ser usada me período de estiagem.

Outro ponto de destaque na propriedade é com relação a preservação ambiental, a qual dedica atenção especial. Ele disse que tem procurado fazer com que a vegetação da região não seja dizimada. São marmeleiro, juazeiro, umburana, catingueira, jurema, baraúna, macambira, maniçoba, cardeiro, cumaru, nim, feijão bravo, aveloz e facheiro, entre outros que preserva no sítio. 

Outro destaque que exibe é o aviário onde mantém um plantel de criação de frango de corte industrial que é uma renda extra para a família. São experiências que pretende multiplicar com outros agricultores familiares da região.

Renato também trabalha com ações que ajudam a armazenar água na propriedade, já que o Curimataú é uma região com a precipitação pluviométrica média de 400 milímetros anuais. Neste ano, choveu apenas 60 milímetros no município. “Algo muito pouco e preocupante”, disse o prefeito de Algodão de Jandaíra, Humberto dos Santos.

O prefeito destacou que o trabalho de José Renato serve de modelo para outros agricultores, porque atingiu um estágio de produção agroecológica e preservação do meio ambiente e lembrou da parceria da prefeitura com a Emater, que garante a prestação de serviços de extensão rural.

Para o extensionista da Emater local, Flaviano Guedes, José Renato é um produtor especial, que está inovando com tecnologias adaptadas à região. “Ele mostra que não tira o que já existe na propriedade, mas acrescenta novas alternativas para conviver com o Semiárido”, afirmou Flaviano.




Luciano Soares

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