Mesmo
chuvosa, a manhã desta sexta-feira (17) marcou a abertura das
comemorações da 11ª Semana Nacional do Museu com uma programação
especial para pessoas com deficiências, realizada pela Fundação Casa de
José Américo, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. Em
tendas montadas na orla, em frente à FCJA, o evento iniciou com uma
oficina de modelagem com argila para cegos e deficientes visuais,
ministrada pelo Mestre João Olegário da Silva, e contação de histórias
pela professora Maria Magdalena Rocha Araújo.
Os
participantes elogiaram a iniciativa da programação. Foi a primeira vez
que eles trabalharam com argila e gostaram tanto da experiência que, na
modelagem pelas mãos, ganhou formas e resultou em obras de arte
concretas: sofá, fogueira, jarro com flores, a palavra “Mãe” e outros
objetos que a criatividade de cada um produziu.
Ao
definir a sensação, Ana Célia Andrade disse que gostou de manusear a
argila. “Foi bom até para aliviar os dedos que estavam duros”, comentou.
Severino do Ramo disse que sua participação foi muito proveitosa
porque, além de conviver com uma forma de arte, foi importante o contato
com os demais participantes. Maria do Socorro Faustino destacou que
estava se divertindo bastante com aquele momento, além de exercitar uma
modalidade artística. Simone Bezerra descreveu: “É maravilhosa a arte de
criar e modelar e ter um resultado construído por nossas próprias
mãos”.
O
mestre João Olegário ministra arte-educação para crianças e gostou da
experiência de trabalhar, pela primeira vez, com pessoas com
deficiências. “Os participantes nunca trabalharam com argila, mas de
imediato se identificaram. É que o cheiro da argila contribui como uma
compensação e a percepção de quem não tem visão é diferente, o que
conduziu a um processo cinestésico de manusear e conhecer, domar e
interagir”, explica o mestre.
Intercalando
com a assistência aos participantes, João Olegário reconstituiu, em
argila, o braço de Sérgio Aguiar. Ele perdeu um braço e uma perna, ao
ser atropelado por um motorista alcoolizado, em 2001, e passou nove dias
em coma. Sérgio, que passou a se engajar em campanhas contra o álcool e
é ativista da Associação de Surfista, se divertiu em ver seu braço
reconstituído em argila.
Programação
– A mesma programação, idealizada pelo Museu Casa de José Américo, que
se repetiu à tarde, prossegue e termina na manhã deste sábado, a partir
das 9h. Haverá ainda o lançamento do livro literário infantil “As
Aventuras de Azur e Asmar”, pela Editora Grafset, que relata uma lenda
africana para enfrentar obstáculos com determinação e tolerância para
com discriminações étnicas. Paralelamente às oficinas, ocorrerão
atividades de esporte e lazer na praia, para pessoas com deficiências,
como acontece todos os sábados no projeto Acesso Cidadão, em parceria com a ONG AC Social.
Semana Nacional do Museu
– Organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em todo o
país, diversas unidades participam das atividades que acontecem
anualmente para celebrar o Dia Internacional de Museus, em 18 de maio. Este
ano, o tema “Museus (memória + criatividade) = mudança social”,
proposto pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), para a 11ª edição
da Semana de Museus, favoreceu a associação da temática à
responsabilidade social. Inspirado nessa tendência, o Museu Casa de
José Américo idealizou as atividades integrando a programação ao projeto
Acesso Cidadão – ao lazer, esporte, arte e cultura, que visa a promoção
da acessibilidade em uma perspectiva da mudança social.
Luciano Soares
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