sexta-feira, 17 de maio de 2013

Atividades culturais marcam Semana do Museu da Casa de José Américo

Mesmo chuvosa, a manhã desta sexta-feira (17) marcou a abertura das comemorações da 11ª Semana Nacional do Museu com uma programação especial para pessoas com deficiências, realizada pela Fundação Casa de José Américo, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. Em tendas montadas na orla, em frente à FCJA, o evento iniciou com uma oficina de modelagem com argila para cegos e deficientes visuais, ministrada pelo Mestre João Olegário da Silva, e contação de histórias pela professora Maria Magdalena Rocha Araújo.

Os participantes elogiaram a iniciativa da programação. Foi a primeira vez que eles trabalharam com argila e gostaram tanto da experiência que, na modelagem pelas mãos, ganhou formas e resultou em obras de arte concretas: sofá, fogueira, jarro com flores, a palavra “Mãe” e outros objetos que a criatividade de cada um produziu. 

Ao definir a sensação, Ana Célia Andrade disse que gostou de manusear a argila. “Foi bom até para aliviar os dedos que estavam duros”, comentou. Severino do Ramo disse que sua participação foi muito proveitosa porque, além de conviver com uma forma de arte, foi importante o contato com os demais participantes. Maria do Socorro Faustino destacou que estava se divertindo bastante com aquele momento, além de exercitar uma modalidade artística. Simone Bezerra descreveu: “É maravilhosa a arte de criar e modelar e ter um resultado construído por nossas próprias mãos”.

O mestre João Olegário ministra arte-educação para crianças e gostou da experiência de trabalhar, pela primeira vez, com pessoas com deficiências. “Os participantes nunca trabalharam com argila, mas de imediato se identificaram. É que o cheiro da argila contribui como uma compensação e a percepção de quem não tem visão é diferente, o que conduziu a um processo cinestésico de manusear e conhecer, domar e interagir”, explica o mestre.

Intercalando com a assistência aos participantes, João Olegário reconstituiu, em argila, o braço de Sérgio Aguiar. Ele perdeu um braço e uma perna, ao ser atropelado por um motorista alcoolizado, em 2001, e passou nove dias em coma. Sérgio, que passou a se engajar em campanhas contra o álcool e é ativista da Associação de Surfista, se divertiu em ver seu braço reconstituído em argila. 

Programação – A mesma programação, idealizada pelo Museu Casa de José Américo, que se repetiu à tarde, prossegue e termina na manhã deste sábado, a partir das 9h. Haverá ainda o lançamento do livro literário infantil “As Aventuras de Azur e Asmar”, pela Editora Grafset, que relata uma lenda africana para enfrentar obstáculos com determinação e tolerância para com discriminações étnicas. Paralelamente às oficinas, ocorrerão atividades de esporte e lazer na praia, para pessoas com deficiências, como acontece todos os sábados no projeto Acesso Cidadão, em parceria com a ONG AC Social. 

Semana Nacional do Museu – Organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em todo o país, diversas unidades participam das atividades que acontecem anualmente para celebrar o Dia Internacional de Museus, em 18 de maio. Este ano, o tema “Museus (memória + criatividade) = mudança social”, proposto pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), para a 11ª edição da Semana de Museus, favoreceu a associação da temática à responsabilidade social.  Inspirado nessa tendência, o Museu Casa de José Américo idealizou as atividades integrando a programação ao projeto Acesso Cidadão – ao lazer, esporte, arte e cultura, que visa a promoção da acessibilidade em uma perspectiva da mudança social. 




Luciano Soares


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