O projeto “Acervo Inicial de Literatura de Cordel Leandro Gomes de
Barros”, desenvolvido pela Fundação Casa de José Américo, órgão
vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, encontra-se no final da
quarta etapa, que corresponde ao processamento técnico do acervo
adquirido. O projeto tem o objetivo de formar um acervo especializado em
literatura de cordel e obras literárias afins, para preservar a memória
da cultura popular regional e disponibilizá-lo ao público.
Elaborado
pela equipe da Biblioteca Dumerval Trigueiro Mendes e do Departamento
de Pesquisa, ambos setores da Fundação Casa de José Américo, o projeto
foi iniciado em julho do ano passado e está sendo desenvolvido em cinco
etapas sucessivas: pesquisa, seleção, aquisição, processamento técnico e
elaboração de um catálogo.
A etapa atual, que é o processamento
técnico, é a parte da indexação ou identificação do assunto dos
folhetos. A coordenadora do projeto e diretora da Biblioteca Dumerval
Trigueiro Mendes, Nadígila Camilo, explicou que ela é realizada através
da leitura textual para definir o assunto de cada folheto. Os folhetos
adquiridos se encontram em variados formatos, tanto nos tradicionais,
como também, em forma de revista em quadrinhos, livros de literatura
infantil, para o incentivo do hábito de leitura.
Nadígila explicou
que o formato de livro é usado como instrumento pedagógico no ensino de
várias disciplinas: Português, História, Geografia e outras.
Acrescentou que como objeto de estudo científico, o cordel vem sendo
pesquisado nas diversas áreas do conhecimento. Segundo ela, até agora já
foram processados tecnicamente 3.048 folhetos e catalogados 554 autores
das diversas regiões do Brasil. Foram adquiridos folhetos antigos
considerados clássicos e raros e também de novos autores.
Paralelamente,
a equipe de execução elabora um catálogo para divulgar todo o acervo
adquirido através do projeto. O material vai indicar uma dimensão da
produção de cada cordelista. Através da realização deste projeto, a
Fundação Casa de José Américo pretende recuperar os folhetos de cordel
existentes e captar obras que tratam sobre o assunto, organizando-os
para guarda permanente, com o objetivo de preservar, divulgar e
disponibilizar para a pesquisa e estudos científicos.
O projeto
recebe assessoria científica da professora e pesquisadora do
Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal da
Paraíba, Beth Baltar, que desenvolveu um sistema de classificação
baseada na semântica discursiva para indexação de folhetos de cordel,
objetivando a minimização da subjetividade na recuperação da informação.
O sistema está sendo aplicado na indexação dos folhetos que constituem o
Acervo de Cordel.
O Acervo de Cordel é organizado na Biblioteca
Durmeval Trigueiro Mendes, unidade de informação que integra a Fundação
Casa de José Américo. Nadígila informou que os cordelistas podem fazer a
doação de exemplares.
Leandro Gomes de Barros – A
escolha do nome do projeto é uma homenagem ao cordelista paraibano
Leandro Gomes de Barros, pioneiro na Literatura de Cordel, no formato
impresso. No contexto da História da Cultura Nordestina, é considerado o
patrono da literatura popular em verso.
Paraibano de Pombal, ele
nasceu em 19 de novembro de 1865, foi o primeiro a publicar, editar e
vender seus folhetos. Uma das características marcantes é que seus
impressos tratam de uma grande diversidade de temas universais que
abordam assuntos variados, desde a descrição da vida nordestina de sua
época, reclamações sobre o governo, crítica à carestia, às guerras e ao
desregramento da sociedade, sempre em tom de sátira e ironia. Leandro
faleceu no Recife, no dia 4 de março de 1918.
Luciano Soares
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